Bem sabemos que as mulheres têm lutado cada vez mais para conquistar espaços e desnaturalizar comportamentos e tarefas que eram compreendidas como exclusivamente femininas ou masculinas. Assim, começamos a ver o mundo se transformar, ainda que a passos lentos: pais que ficam em casa, cuidando dos filhos, enquanto as mães trabalham; dividem-se igualmente os serviços de cuidado com o lar; mulheres assumem cargos políticos e de chefia, antes confiados apenas aos homens, e por aí vai. Apesar de todo esse movimento, a feminilidade e a identidade de gênero continuam a ser associadas à capacidade de tornar-se mãe. Diante de uma situação de infertilidade, é comum, portanto, que as mulheres ainda se sintam estigmatizadas. 

Muitas pessoas constroem projetos de vida envolvendo a maternidade, por diversos motivos; para algumas, é até mesmo a realização de um sonho, construído desde a infância. Deparar-se, pois, com a incapacidade de trazer à vida (ainda que temporária) pode colocar em questão, muitas vezes, o próprio modo de ser mulher, interromper projetos e desencadear sentimentos de inadequação, incompetência, fracasso e insegurança. Tomadas por esse emaranhado de emoções, frequentemente confusas e arrebatadoras, muitas mulheres temem se expor, envergonhadas, evitam falar do assunto e acabam se afastando, com receio dos julgamentos que podem receber.

O problema é que o silenciamento gera cada vez mais silenciamento. Ao se isolarem, apesar de evitar que lhes cheguem comentários indesejáveis, as mulheres perdem também a oportunidade de se expressar, de trocar ideias e falar de suas angústias – o que é indispensável para que possam dar sentidos novos às experiências e para que se fortaleçam para enfrentar as dificuldades. Frequentemente, é nesses momentos de solidão que mora o risco de essa tristeza transformar-se em ansiedade e depressão, fazendo crescer ainda mais o sofrimento. 

Diante desse quadro, proponho dois movimentos: primeiro, convoco as pessoas a ouvirem e darem suporte a essas mulheres. Escutem o que elas têm para dizer. Na maioria das vezes, elas só precisam de alguém que esteja com elas verdadeiramente e as ouça no seu sofrimento, que se faça presença genuína e que se disponibilize a acompanhá-las com parceria e companheirismo. 

Segundo movimento: convido as mulheres a experimentarem falar da infertilidade. Possivelmente a vergonha vai desaparecendo à medida que vocês se expressam e vão entendendo que o fato de terem um problema – na maioria das vezes passível de solução – não faz de vocês um problema. Acreditem, sua condição é provavelmente mais comum do que vocês imaginam e é muito possível que, em um diálogo franco, vocês também descubram como há diferentes e possíveis saídas para essa dificuldade. E não se esqueçam: ajuda médica e psicológica são também de grande valia para passar por esse processo com mais confiança e leveza. 

Jenifer Demeterco

CRP 08/19793

Psicóloga clínica, especialista em Gestalt-terapia e mestranda em Psicologia pela UFPR, realiza atendimentos a adolescentes e adultos. É mãe de duas meninas lindas, espertas e cheias de energia, que chegaram ao mundo depois de um tratamento para infertilidade. Agora, espera poder ajudar outras pessoas a enfrentarem essa situação. Amante das artes desde pequenininha, diverte-se no teatro e acredita que a arte e a psicologia podem, e devem, andar de mãos dadas.

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